ANIMAÇÃO
{em foco}

Filmes da Disney e gênero
Entrevista com Vanusa Holanda, apaixonada por filmes de animação desde pequena, mãe de três filhos que procura educa-los de maneira igualitária, independente de sexo e gênero.
Quantos filhos você tem? Qual a idade e sexo?
Três filhos: João Pedro, de 19; Jade, de 16 e Mel de 9 meses.
Você é quem controla e decide o que os seus filhos assistem?
Quando eles eram pequenos, sim. Muitas vezes, ao voltar do
trabalho, percebiam que eles estavam assistindo algum filme
que eu não conhecia. Então eu sentava junto pra conhecer.
Se fosse legal, sem violência, eu deixava continuar.
Do contrário, eu reclamava e justificava porquê eles não deveriam
assistir mais. Sempre preferi os filmes em dvd. São mais fáceis de (Vanusa e sua filha caçula, Mel)
controlar o conteúdo e a qualidade das imagens.
Há algum tipo de diferenciação ou restrição nos filmes que você mostra para o(s) seu(s) filho(s) menino(s) e sua(s) filha(s) menina(s)? Por quê?
A única restrição era para filmes violentos, pois acredito que estimulam a agressividade das crianças.
Você costumava assistir filmes de animação quando criança? Se sim, quais as diferenças que você nota entre os filmes mais antigos e os atuais?
Além da qualidade das imagens, vejo que os filmes de hoje trazem questões atuais como a vida em uma sociedade organizada, a força dos ideais coletivos (a sociedade das formigas em Vida de Inseto que combate a opressão dos gafanhotos - uma clara luta de classes); a mudança dos padrões estéticos, tipo a Princesa Fiona (Shrek) que na realidade quando sai do feitiço, vira ogro; e tantas outras mensagens. O comprometimento dos filmes antigos era com a luta do bem e do mal: o príncipe mata o vilão e salva a princesa frágil e delicada.
Sobre o fato de que ultimamente os filmes de animação estão dando espaço para a sororidade (irmandade e apoio entre as mulheres), independência e livre escolha da mulher, eu gostaria de saber o que você acha disso? Qual a importância que isso tem pra você, como mãe, e como você acredita que isso vai afetar (ou afeta) a sua família?
Acredito que na formação dos meus filhos a imagem da mulher princesa, linda ou feia, independente, que não se deixa abater pelas próprias limitações, pela mulher que ajuda a lutar com inteligência e que faz suas próprias escolhas fez com que aprendesse que o respeito é conquista do ser humano e não de um gênero específico.
Você acredita que a representatividade nos filmes pode ajudar na autoestima e na visão da criança sobre ela mesma?
Muito. Há uma identificação com o bom humor de certos personagens e a forma com que superam as tristezas e dificuldades inspiram muitas crianças.
